Alexandre Aragão de
Albuquerque
No meio do caminho havia uma pedra. O que são pedras, para que servem?
Há quem faça delas armas de ataque aos outros, chegando a sentenciá-los ao
apedrejamento público como forma de punição por atitudes e pensamentos
expressos. Como existem também aqueles que as acolhem por meio de um olhar
sensível, buscando entender-lhe seu formato em sua existência para
transformá-las, por meio do trabalho árduo e inteligente, em joias. Há
diversidade de pedras como há diferentes modos de estar diante delas. Sabemos
que não existe caminhar sem pedras: são elas que nos possibilitam a construção e
a desconstrução de nossos edifícios. Saber sobre elas parece ser importante
para a nossa caminhada.
Uma simples sentença, um simples traço, contém, silenciosamente, várias
crenças muitas vezes não questionadas. Quando falamos sobre liberdade de
expressão dizemos ocultamente que acreditamos na existência da liberdade, que
ela é uma condição para que possamos nos expressar e que somos seres de
expressão. Consequentemente, vem-nos a mente perguntar sobre o que seja a
liberdade e o que seja a expressão: existem? Por que existem? Para que existem? Como se
processa nossa liberdade de expressão em um mundo onde não estamos sós e não
somos iguais uns aos outros? Todos os humanos têm garantido o mesmo direito à
liberdade de expressão nos diversos meios de comunicação social e instâncias de
poder? O que é um direito? Como se garantem os direitos dos humanos? Por que é
preciso garantir os direitos dos humanos? A quem cabe garanti-los? Há humanos
que vivem sem direitos garantidos? Por que?
Pensar a liberdade é também pensar as pessoas portadoras de vontade
livre, seres morais, portanto, capazes de exercitar a sua vontade para o bem ou
para o mal, para a verdade ou para a mentira. Abre-se aqui outro portal de
indagações sobre o que vêm a ser verdade e mentira. A primeira deve expressar
as coisas como de fato são, enquanto a segunda faz justamente o contrário,
distorce a realidade, voluntariamente. Por que as pessoas distorcem a
realidade? Que motivos as levam a não serem verdadeiras? Com que finalidades?
Para
exercer a liberdade é preciso saber usá-la, porque nosso agir livre implica
consequências. A responsabilidade é um correlato do poder do uso da liberdade. Esse
poder cresce mediante a magnitude da resposta a ser dada. Ou seja, o uso da
liberdade implica a compreensão de sua dimensão ética. A ética existe porque as pessoas agem, não porque elas ficam paradas. Ela tem de existir para ordenar
suas ações e regular o seu poder de agir.
Fica aqui a
pergunta.
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